O transplante de pâncreas é feito em indivíduos que têm diabetes se o pâncreas não conseguir mais produzir insulina. Mais de 80% dos indivíduos com diabetes e que fizeram um transplante de pâncreas têm os níveis de glicose no sangue normalizados após o transplante e não precisam mais de insulina, mas eles não trocam esta possibilidade pela necessidade de se tomar imunossupressores, com o risco de infecções ou outros efeitos colaterais.
O primeiro TP em humanos foi realizado em 1966 por William Kelly e Richard Lillehei, na Universidade de Minnesota. Desde então os resultados melhoraram progressivamente, quer pelo refinamento técnico-cirúrgico, quer pelo desenvolvimento de novas drogas imunossupressoras. No Brasil, a primeira série clínica de TP ocorreu em Porto Alegre, de 1987 a 1993, seguido do início de nosso programa, em São Paulo, a partir de 1996.
O transplante de pâncreas representa, no momento, a única terapêutica capaz de determinar estado normoglicêmico constante em pacientes com diabetes mellitus do tipo 1 (DM1), sendo indicado particularmente nas formas graves da doença, geralmente traduzidas pelas complicações secundárias como a retinopatia, neuropatia e nefropatia. Seu principal objetivo é melhorar a qualidade de vida dos pacientes, mas pode exercer também papel fundamental na estabilização ou reversão de complicações secundárias do DM nos olhos, rins, nervos e sistema cardiovascular. Deste modo, o procedimento é normalmente feito somente em indivíduos com diabetes que também tenham uma insuficiência renal ou que não consigam manter os níveis de açúcar no sangue em um nível aceitável, em especial se não percebem quando o nível de glicose se torna muito baixo (ocasionalmente, quando os níveis de glicose ficam muito baixos por muito tempo, os órgãos, inclusive o cérebro, ficam permanentemente lesionados). O transplante de pâncreas após rim constitui outra indicação aceita, uma vez que o paciente submetido previamente ao transplante renal já se encontra sob o uso da imunossupressão.
De modo geral, mais de 90% dos indivíduos que recebem um transplante de pâncreas recebem um transplante de rim ao mesmo tempo. O transplante de rim exige uma cirurgia abdominal e o uso de imunossupressores após a cirurgia, portanto o transplante de pâncreas ao mesmo tempo significa mais alguns riscos.
O transplante de pâncreas pode ser benéfico para indivíduos que tomam insulina, mas ainda tem um nível de glicose alto e aqueles em que os níveis de glicose no sangue tornam-se perigosamente baixos após tomar a insulina, sendo esse transplante uma intervenção cirúrgica de maior complexidade que requer uma incisão no abdômen e anestesia geral. O pâncreas do receptor não é extraído. Normalmente, a cirurgia dura cerca de 3 horas e a internação no hospital é de 1 a 3 semanas.
Fonte: http://www.scielo.br/pdf/eins/v13n2/pt_1679-4508-eins-13-2-0305.pdf